1. vícios

    30 de março de 2012


  2. Não tenho casa, não tenho sapatos
    Não tenho dinheiro, não tenho classe
    Não tenho roupa, não tenho suéteres
    Não tenho fé, não tenho barba
    Não tenho mente Não tenho mãe, não tenho cultura
    Não tenho amigos, não tenho escolaridade
    Não tenho nome, não tenho amor
    Não tenho passagem, não tenho telemóvel
    Não tenho Deus
    O que eu tenho? Porque eu estou vivo? Sim, o que eu tenho? Ninguém pode se livrar disso
    Tenho meu cabelo, tenho a minha cabeça
    Tenho o meu cérebro, tenho as minhas orelhas
    Tenho os meus olhos, tenho o meu nariz
    Tenho a minha boca, tenho meu sorriso
    Tenho a minha língua, tenho o meu queixo
    Tenho o meu pescoço, tenho os meus peitos
    Tenho o meu coração, tenho a minha alma
    Tenho as minhas costas, tenho o meu sexo
    Tenho os meus braços, tenho as minhas mãos
    Tenho os meus dedos, tenho as minhas pernas
    Tenho os meus pés, tenho os meus dedos dos pés
    Tenho o meu fígado, tenho o meu sangue
    Tenho a vida, tenho a minha liberdade
    Tenho uma dor de cabeça e uma dor de dente
    Momentos maus como tu
    Tenho a vida, vou conservar isso

  3. existiam coisas destas e eu ia lá todos os dias para escrevinhar alguma coisita. andava sempre pela blogsfera à procura de coisas interessantes e que me satisfizessem o ego naquele momento. qualquer coisa que encontrava ia directamente para aquele meu cantinho. era a minha parede do quarto onde eu podia escrever, pintar, voltar a escrever sem a minha mãe me berrar... ainda bem que não apaguei o blogue e deixou-o estar pela wordpress, está a fazer-me bem recordar os meus bons velhos tempos.

  4. sinto que sou um tipo sem objectivos concretos. faço as coisas porque me apetecem e depois não levo nada a sério. tenho uma ideia que acho engraçado fazer e ando para ai excitado durante uns dias. nunca agarrei nada a sério, nunca me dediquei a uma coisa, um projecto, sei lá.
    thoughts and letters, almanaque, miolo3, blogues pessoais, avacalho público, etc, etc. se nestas coisas pequenas e simples eu não me agarro/dedico como posso então fazê-lo nas coisas mais banais do dia-a-dia? arrasto-me para ir para a faculdade, arrasto-me para ir comer, arrasto-me para vir para o computador, arrasto-me para tudo. não faço nada de produtivo. não faço nada que me satisfaça. só perco tempo em coisas inúteis. só faço coisas que não devia estar a fazer. sou um frustrado e sempre o serei porque não tenho apetite de viver. "é só uma fase, isso passa" - dizem-me as gentes. são sempre fases que passam. a minha é talvez a maior fase de todas, uma petafase. maior que gigafase. digo isto, digo aquilo; ouço isto, ouço aquilo; leio aquilo e isto; diz que disse isto; diz que vi aquilo... no fundo não fiz nada, não sei nada em especial, minto a mim próprio todos os dias. é mentira aquilo que disse, eu não sou isso que pensas que sou. não vou dizer que sou uma imagem disso porque não sei. só sei que não sou. porque eu não sei o que é isso de que falei, nunca vi/li/ouvi/escrevi/vivi...
    apatia.
    porque me engano a mim próprio?
    nem no caps lock fui capaz de tocar.
    [link]