1. Auto-ajuda

    23 de junho de 2012

    Um gajo vai a um sítio qualquer que venda livros tipo FNAC ou a Papelinho (sou conterrâneo do Rui Pedro) e encontra sempre em grande destaque os livros de auto-ajuda. Aprenda a ser feliz. Aprenda a conquistar um lugar numa empresa. Aprenda a auto-mutilar-se. 10 dicas úteis para ser preso nos EUA. Guia prático de como se tornar rabeta. Aprenda a respirar depois da morte. Enfim, estava aqui a noite toda a dizer nomes de livros. Como eu não sou menos que a Margarida Rebelo Pinto esse grande nome da literatura portuguesa, decidi então publicar aqui, em primeira mão, o meu livro de auto-ajuda para quem tem dificuldade em encontrar o amor. Sim, eu vou falar de amor. No fundo é um livro de auto-ajuda que vai dar mais jeito a mim e a pessoas com excesso de peso em geral do que propriamente a indivíduos do sexo masculino possuidores de exuberantes cortes de cabelo e de fracos, como direi, neurónios (ui, muito agressivo). Título do livro: "Como conquistar uma rapariga com uma piada" Subtítulo: "Este livro não se come" Primeira página: "Basicamente, chega-se à beira de uma miúda, diz-se uma graça, pisca-se o olho e de seguida endereçamos um convite à menina." Erros a evitar: Não cantar a música da Ruth Marlene e não explicar a piada. Isto se se quiser ter uma aventura de uma noite. Se quiser ter um relacionamento mais sério, 



    PARE DE LER ESTA MERDA E VÁ TRABALHAR! ACHA MESMO QUE UMA MERDA DE UM LIVRO DE AUTO-AJUDA IRIA ACABAR COM OS SEUS PROBLEMAS NO QUE TOCA A CONQUISTAR CORAÇÕES DE INDIVÍDUOS DO SEXO FEMININO? POR AMOR DE DEUS! LEVANTA-SE! VÁ FAZER EXERCÍCIO E CONSUMA LITERATURA SEU NABO DE MERDA!!! 


    Pronto, é tudo. Ficou claro?

  2. Já reparei que é tema recorrente neste blogue o facto de eu estar ausente da escrita e escrever um post a constatar este facto. Culpem o facebook. A blogsfera é isto.

  3. passar para o outro lado...

    4 de junho de 2012

    "…é a nossa maior inevitabilidade, a nossa única certeza. Se o Destino existe, ela é sem dúvida o nosso destino comum, o único. Assustadora quase sempre, consoladora às vezes, por muito que tente mostrar-nos que é até mais honesta e segura do que a própria vida, não se livra da má fama de Ceifeira que ceifa o que está pronto para ser ceifado e o que ainda, aos nossos olhos, não está. E isso todos nós sentimos como uma enorme injustiça. Mas o que sabemos nós?! Nada. Nada, a não ser que por ela seremos levados, mais cedo ou mais tarde. Já lhe vi os olhos em outros olhos. Já estive perto dela, mais do que uma vez e sei que quando chega aquele momento em que ela nos dá a mão e diz, Vamos que chegou a hora, o medo do desconhecido é inevitável. Não é o medo dela, é o medo do desconhecido. Há certos rostos que se suavizam quase de imediato! Quem sabe se o desconhecido afinal nos é familiar e está apenas esquecido?... O facto é que tratamos muito mal a morte, às vezes pior ainda do que tratamos a vida. Não só evitamos falar dela, como todos os dias fazemos de conta que não existe. Mas estamos sempre prontos a desafiá-la! Desafiamo-la quando entramos no carro; desafiamo-la quando ignoramos os sinais do nosso corpo; desafiamo-la quando atravessamos a estrada; quando entramos na banheira; quando mergulhamos nas ondas… desafiamo-la a toda a hora como se tivéssemos uma necessidade maior de lhe provar que não nos vence, ainda que saibamos que será sempre ela a vencer. Cada dia que se ganha é uma vitória. Talvez por isso nos custe tanto ver vidas tão jovens serem ceifadas. Mas uma coisa é certa – não sabemos o que existe para lá dela. Não sabemos o que está do outro lado. Não sabemos para onde vamos quando nos vamos embora e, não sabemos sequer, se apesar de nos parecer uma monstruosidade, uma enorme injustiça, ela, a morte, não sabe mais do que nós, aquilo que anda a fazer…"

    in Intermitências da Morte